O
parto já foi tema de um post
aqui no Palpites de Mãe, mas resolvi voltar ao tema. Uma amiga grávida que está
fazendo um curso para gestantes enviou uma mensagem perguntando se o parto da
Raphinha havia sido normal ou cesárea. Contou que no tal curso “(eles) execram a cesariana... Cheguei a
ouvir o absurdo de que o vínculo com o bebê não é o mesmo quando se faz cesárea”,
e perguntou o que eu achava sobre o assunto.
Vou repetir
aqui o que disse a ela: Fiz cesárea. A Raphinha estava muito "alta"
como dizem e eu já estava com sangramento e apenas 2 centímetros de dilatação;
não teria como ser normal. Mas não vou mentir que eu também morria de medo, durante
a gestação, de ter que passar por essa segunda opção. E quanto ao que foi dito
no curso sobre a relação entre o parto e o vínculo com o bebê... Quanta ignorância!!!
Um completo absurdo!!!
É claro que
há inúmeros benefícios do parto normal com relação à cesárea, tanto para a mãe
quanto para o bebê. No entanto, nem sempre o parto normal é a opção mais
indicada, a opção mais “normal” a ser adotada. Quantas mulheres na história morreram
durante o parto e quantas vidas foram salvas pela cesárea... Se a medicina
evoluiu a ponto de permitir uma alternativa para os casos em que o parto
poderia representar um risco para a mãe e/ou para o bebê, porque não admitir
essa possibilidade?
Lúcia Furlan Assessoria de Imprensa & RP |
Como afirma a
obstetra Christiane Curci Regis: “Incentivar
o parto normal é um desafio enfrentado pelos médicos. Mas, em alguns casos a
cesariana é a única opção. Quando o bebê não está em posição cefálica, quando o
útero da mãe não se dilata, quando a placenta cobre o colo do útero, impedindo
a passagem do bebê, são algumas situações em que a cesárea é necessária” (leia
as dicas da médica no artigo O que as mães precisam saber na hora do parto? no Palpite Plus).
Fora que já ouvi relatos de mulheres que foram literalmente “dilaceradas”
por dentro por conta do parto normal e que praticamente todas as enfermeiras
que conheço se referem a este tipo de parto como “anormal”.
Sempre tive a
convicção de que se chegasse nesse momento e que a saída do bebê se desse de
uma forma natural, optaria pelo parto normal, com certeza. Agora esse negócio
de ficar horas sofrendo, suportando toda a dor do mundo, berrando e esgarçando o
corpo não só não me parece a coisa mais normal do mundo como não me convence de
que isso possa, de alguma forma, influenciar no vínculo mamãe-bebê. Se fosse
assim, como explicar a completa falta de vínculo entre mães que têm seus bebês
em casa ou em qualquer lugar no meio da rua e os abandonam em seguida? E como
explicar o vínculo extremamente forte entre mães adotivas e seus filhos, que
embora não tenham sido gerados no ventre foram amorosamente gerados no coração?
A amiga que me
enviou a mensagem também fará cesárea.
Ela fez uma cirurgia grande para retirar um mioma e o médico recomendou
a cesariana para evitar uma rotura do útero no parto normal. E aí? Alguém vai
ter a coragem de me dizer que ela é menos mãe porque não quer colocar em risco
a própria vida? Recorro ainda ao exemplo de minha mãe. Segundo ela meu parto
foi tranqüilo, nasci de parto normal sem a menor dificuldade, mas meu irmão
estava enrolado no cordão umbilical. E aí? Ela deveria ter insistido para ter
parto normal correndo o risco de perder o bebê?
E eu que passei
toda a gestação “conversando” com a barriga; cheguei a mandar passar para CD
todos os meus discos de vinil que ouvia na infância e, até ter que parar de
dirigir por conta do barrigão, ia e vinha do serviço cantando para minha bebê; e
quando chegou a hora de ela vir ao mundo... Uma emoção sem fim! Antes mesmo de
vê-la, só de ouvir o seu chorinho, o seu primeiro manifesto de vida, já fiquei
completamente apaixonada. De lá prá cá, foram muitas noites em claro, muitas
noites mal dormidas, muito cansaço, colinho e dores nas costas, mas acima de
tudo muito amor e doação retribuídos a casa instante com beijinhos e abraços “de
graça”, aquele sorriso lindo que só a Raphinha tem, e seus insistentes chamados
que ao deixar tudo e todos para ficar comigo fazem com que eu me sinta a pessoa
mais especial do mundo. E aí? Alguém duvida do nosso vínculo?
Enfim, acima
de tudo, acredito que não importa o tipo de parto. O que importa é amar e dar
amor ao filho acima de tudo. Amparar, cuidar e zelar pelo serzinho que acaba de
vir ao mundo. O como? Cá prá nós, é o que menos importa.
É isso aí, Giovana. Eu acho que toda gestante tem o direito de querer o parto normal, mas também precisa conhecer o máximo possível sobre a cesárea. Pq se na hora não der para ser normal, por conta de todos os motivos elencados acima ou outros, é preciso ter conhecimento sobre o que se vai enfrentar (técnicas, anestesia, recuperação, etc). Esse povo se acha tão "alternativo", tão natural, que acaba esquecendo de abrir a mente!
ResponderExcluirbjos.
Obrigada pelo comentário, Andréa! Concordo plenamente com o que você disse. E adorei a sua última frase, rsss... É isso aí, vamos abrir a mente!!! Bjs
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