segunda-feira, 14 de maio de 2012

Ser mãe - lado A e lado B


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Talvez você possa estar pensando: E ser mãe lá tem lado? Pois é, normalmente (e talvez infelizmente) só depois de ser mãe é que a gente descobre isso, mas que tem, ah, isso tem. Não sei se esse desconhecimento se dá por pura propaganda enganosa da mídia e de outras mães que fazem questão de falar e mostrar apenas as coisas maravilhosas que a função acarreta, e o “resto” preferem esconder para debaixo do tapete; ou se é como dizem que é tanto amor que com o passar do tempo o coração (ou seria o cérebro?) de mãe esquece dos detalhes sórdidos... Porém, é uma realidade. E por ocasião do Dia das Mães me pareceu apropriado fazer uma reflexão “nua e crua” sobre “ser mãe” como uma forma de homenagear e reconhecer aquelas que já são e, ao mesmo tempo, abrir o jogo para aquelas que ainda não são.
Não pretendo aqui desencorajar ninguém a ter filhos, pelo contrário, mas acho que é mais do que necessário que todos conheçam o ônus e o bônus da referida missão antes de, digamos, “assinarem o contrato”. Quem sabe, se fosse assim, não haveria tantos casos de crianças abandonadas e até mal tratadas como temos visto com tanta freqüência entre as notícias do dia. Afinal, ser mãe (e pai também) é prá vida toda; ou pelo menos deveria ser.
Para começar, gostaria de usar uma mensagem que vi no Facebook: “Ser mãe é muuuuito diferente de ter filhos...”, texto que vinha acompanhado do desenho de uma galinha (?) depenada que passava frio dormindo ao lado de seus filhotes bem aquecidos com as penas da mãe. Achei a frase (e a cena) perfeita, e acredito que todas as mães concordam comigo. Ter um filho, qualquer pessoa saudável é capaz de ter; agora ser Mãe - com M maiúsculo - (e aqui incluo também as adotivas) são outros quinhentos. Vamos aos fatos?
Foto: Raphael F. Rutkoski
Depois de pacientemente esperar  por nove meses, eis que você tem em seus braços o ser mais especial do mundo. Radiante você descobre o que é sentir o verdadeiro amor incondicional e tudo parece perfeito. Mas ao chegar em casa, talvez duas semanas depois, ou ainda na maternidade, ou quando você menos esperar, o “pesadelo” pode começar. E o “pesadelo” a que me refiro aqui é o momento em que seu bebê, tão lindo e maravilhoso, começa a chorar sem parar sem você saber o porquê. Ou às vezes pode ser até que você saiba o motivo, mas não consegue, de jeito nenhum, fazê-lo se acalmar. E acredite, essa é uma das piores sensações do mundo para uma mãe. Você se sente a última das mulheres, a pior mãe do mundo, e o sentimento de fracasso te leva às lágrimas. Sem falar das dores nas costas, nos braços, nas dores do pós parto e no cansaço.
Sério, hoje eu posso afirmar que até antes de se ter um bebê você imagina o que é, acha que está cansado/cansada. Porém, só depois de ter um filho é que você vai realmente descobrir a força dessa palavra. Por mais que você leia nos livros e revistas especializados que o recém-nascido precisa mamar de três em três horas, e que durante a gestação você já comece a experimentar acordar neste intervalo durante a madrugada para fazer xixi, nada se compara a você levantar uma, duas, três ou mais vezes para dar de mamar, fazer arrotar, esperar mais 15 minutos com o bebê em pé para não regurgitar (isso se seu filho tiver refluxo como a minha tinha; e nem sempre adiantava), trocar a fralda, fazer dormir, colocar no berço e, quando você pensa que vai poder descansar a criança se acorda e começa tudo outra vez.
Uma ou duas noites nesse ritmo, dá até para tirar de letra (quem nunca amanheceu na balada e foi praticamente direto para a escola ou para o trabalho?), mas o bicho pega quando isso se repete por semanas a fio. E se você ainda tivesse como descansar durante o dia... Mas o pior é que a dinâmica se repete 24 horas e, mesmo que tenha passado a noite em claro, pela manhã, bem cedo, a criança já está de pé, ou melhor, acordada no berço chorando esperando que você a pegue no colo para mamar, trocar a fralda e por aí vai... O mais engraçado (da série “seria trágico se não fosse cômico”) é que aconselham que “as mamães devem descansar enquanto os bebês dormem para estarem dispostas quando eles se acordarem”; aff! Conselho muito bonito para quem tem empregada ou para quem mora com a mãe e pode se dar ao luxo a cuidar apenas (como se fosse pouca coisa) do bebê; mas totalmente impraticável para quem também precisa cuidar da casa, lavar e passar as roupinhas do bebê (e como sujam roupinhas nos primeiros meses!!!), e por aí vai.... Isso quando não termina a licença maternidade e, sem tomar pé da situação, a criança segue acordando a noite inteira e você vira um “zumbi” ambulante.
Por falar nisso, acredite, você nunca vai sentir tanta falta de você mesma! Como assim? É que a demanda é tanta que muitas vezes você acaba tendo que se “abandonar” um pouco, prá não dizer totalmente. Sabe aqueles cuidados até então “básicos” como levantar calmamente, se espreguiçar, ir ao banheiro, lavar o rosto, escovar os dentes, passar este ou aquele creme anti-envelhecimento, pentear os cabelos, tomar café, tirar o pijama, tomar um bom banho, etcétera e tal? Pelo menos por um tempo você vai, muitas vezes, esquecer que alguns deles existem, ou até vai lembrar, no entanto simplesmente não vai ter tempo e/ou disposição para nada disso. E o marido, então? Coitado, com a chegada do bebê o companheiro é involuntariamente rebaixado ao segundo plano já que o recém-nascido requer, exige, suga toda, eu disse t-o-d-a, a sua energia.
Coisas de mãe de primeira viagem? Não se engane. Ainda neste final de semana conversei com uma mãe experiente de uma adolescente e que acaba de ter uma nova filha. Ela me confessou que chegou a entrar em depressão de tanto cansaço e a ficar com medo de dar banho na recém-nascida de tanto que a pobrezinha chorava. A família já estava até achando que a menina tinha problema na laringe, pois estava sempre rouca. Até que as crises de cólica passaram, a criança passou a chorar menos, e descobriram que o problema era de berrar tanto!!!
O cenário parece desesperador, não é mesmo? Mas antes que você que ainda não é mãe saia correndo e desista de ter um bebê, saiba que ao mesmo tempo em que você se esgota de tanto cansaço, é muito bom ser mãe... Dá trabalho? Dá sim, e muito! Porém, cada olhar, cada sorriso, cada primeira palavra, cada conquista e aprendizado supera tudo. E é um amor tão grande que depois que você é mãe não consegue imaginar a sua vida sem o seu bebê.

É por essas e por outras que as mães merecem tanto a nossa admiração, carinho, respeito, e reconhecimento. Afinal, em maior ou menor escala, em algum momento todas precisaram fazer pelo menos algum sacrifício por seus filhos.
Para encerrar, gostaria de dizer que você até pode fazer uma ideia de como seja, o tão falado amor de mãe, todavia só compreende a dimensão desse sentimento depois que tem o seu bebê nos braços. Por mais piegas que pareça, o amor supera tudo e mesmo em meio ao cansaço extremo é possível tirar força de onde não existe para continuar.
E aí? Vai encarar?

18 comentários:

  1. Gi, excelente post!
    Acho até que sinceramente vc foi "boazinha", rs.
    A maternidade tá longe de ser aquela coisa linda, maravilhosa, principalmente se vc tiver um bebê daqueles fofinhos, gostosos que acordam a cada 40 min durante os primeiros 20 meses de vida.
    Eu disse, 20 meses! E não 20 dias.

    Qual é o ser humano que aguenta?! A mãe! Rs

    Sou bem realista quando uma amiga me diz que acha fofinho um bebê e quer ter um filho, rs. As vezes pareço até cruel, mas apenas digo a verdade nua e crua.

    Vc tem TODA razão quando diz que a falta de estrutura de algumas mulheres, casais resulta no espancamento de crianças, inclusive bebês!

    A falta de sono nos transforma, e em pessoas piores (infelizmente). A família precisa estar mto centrada e com ideais mto definidos, ou besteiras acontecem.

    Graças a Deus li mto e tinha consciencia do q nos esperava, nada floreado e foi ótimo.

    Eu decidi que pra não estressar largaria a casa, ao menos nesse período de looooongos 20 meses.
    E funcionou, Oliver passou pela fase brava, nós sobrevivemos... só alegria!Rs

    E a questão agora é... ter o segundo?!
    Virá um segundo por ai?

    Bjokas Monike

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    1. Obrigada pelo depoimento, amiga! É bom ter este retorno até para comprovar que não estamos sozinhas nesse barco, rsss... E gostei de ver a "predisposição" para um segundo baby! Sempre curti a ideia de ter um casal, mas nos primeiros meses (quando me deparei com a realidade) cheguei a abolir completamente a possibilidade. Hoje, porém, já até considero... quem sabe? Um beijão para você e para o Oliver

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    2. eu passei pelo mesmo, mas "felizmente", durou 12 meses;;;;

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  2. Oi, Gi! Tudo o que você escreveu é a mais pura verdade! Nós mães somos heroínas, super mulheres, porque passar por tudo isso e ainda conseguir sorrir e se emocionar com seu bebê, somente nós Mães mesmo. Tenho pena dos maridos, coitados, ficam pra escanteio, antes éramos só chamego para eles, depois que esse serzinhos nasce, as vezes nem bom dia eles recebem. Hehehe. "Ser mãe é padecer no paraíso"! Mas não há coisa melhor no mundo.

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    1. Obrigada, Fê! É bem assim mesmo, né?! Acho que todas as mães mereciam estar num pedestal ou o direito de realizar o que mais desejassem... Mães de gêmeos (trigêmeos, quádruplus...) então, um passaporte de "passagem livre para o céu"! Bebezinhos dão muito trabalho, mas como você mesma disse "não há coisa melhor no mundo"!!! Coisas que só mãe entende, né?! Hehehe... Bjs para você e seu bebezinho lindo

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  3. Que relato lindo Gi!! É isso mesmo!
    Amo ser mãe, sei que é a melhor coisa da minha vida, o amor de mãe é tão forte que chega a doer...olhar para aquela coisinha linda, dependente de você, com tanto amor para dar, trocar....é simplesmente demais!
    Beijos!

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    1. Obrigada pelo comentário, Carol! Só quem é mãe pode compreender a força desse amor! Beijos para você e para sua princesinha

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  4. Oi Adorei sua participação no blog da Familia Borges Maeda.
    Li duas publicações suas, adorei...
    Depois quero ler as outras.
    Abraços, Renata Miashiro Borges

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    1. Obrigada, Renata! Fico feliz em saber que você gostou do Palpites de Mãe. Fique sempre à vontade para passar por aqui e para "palpitar" também, viu?! Abração

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  5. A minha esposa é mai com "M", mesmo com depressão, mesmo quando quer sair correndo!
    Muito obrigado Gi por este Blogg, obrigado Cris por ter enviado para Clau neste momento dificil, a gente não esta sozinha!!
    Para não ficar rebaixado, tento ajudar em todo o que for possivel (ter um seio ajudaria melhor a mamai "Fabrica de Leite"), mas sou testemunha de como a nossa bebe tira até a ultima energia da minha esposa. Realmente parece sinistro o assunto, mais quando eu fico frustrado por não conseguir calmar a bebe!!
    Filha! você será mai e vai experimentar na pele todo isto....(sinistro!!)
    Mas gente, quando estou em conexão com a nossa bebe fazendo a massagem (shantala é muito bom), quando dou banho nela, trouco a fralda e ela devolve o sorriso, todo vale o esforço!!
    Muito, muito, muito obrigado Claudia pela oportunidade de ser Pai, por compartilhar os momentos do lado A e do lado B, te amo com todo meu coração!! Muito obrigado Deus pela minha familia! Da forças por favor para cada dia!!

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    1. Nicolas, eu é que agradeço pelo seu comentário. Que depoimento lindo! Com certeza vale muito a pena todo o esforço de ser mãe, e pai também, é claro! Que Deus abençoe você, a Claudia e a filhinha de vocês!!! Um abração

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  6. Giovana, parabéns pela publicação, ficou belíssima!!
    Eu tenho três filhos, dois meninos, um de 12 anos e outro de 04 anos e uma menina de 07 anos. Muitas pessoas me chamam de super mãe... outras dizem que tenho coragem de mamar em onça... acho graça, mas pensando bem é quase isso.
    Passei por todas essas coisas, três vezes em minha vida e te digo que passaria novamente. Não quero ser melhor que ninguém, mas só quando estamos com o nosso filho nos braços é que sabemos o quanto fortes somos para não medir esforços por aquele ser que acabou de vir ao mundo!
    Acho muito importante esses esclarecimentos, porque muitas pessoas acham que tudo será um mar de rosas, que quando a "barriga sair" tudo será como antes e a família terá um bebê em casa. Infelizmente não é bem assim... mas como você mesmo disse, existe uma diferença enorme em ter filhos e ser mãe.
    Parabéns para você e a todas as mulheres que conseguem ser mães!!!!
    Beijão para todas. Ivanire

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    1. Muito obrigada, Ivanire! Adorei o seu depoimento. Não deve ser nada fácil ser mãe de três, mas com certeza cada sorriso deles vale todo o sacrifício; não é mesmo?!
      Um super beijo;*

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  7. Giovana, parabéns pela publicação, ficou belíssima!!
    Eu tenho três filhos, dois meninos, um de 12 anos e outro de 04 anos e uma menina de 07 anos. Muitas pessoas me chamam de super mãe... outras dizem que tenho coragem de mamar em onça... acho graça, mas pensando bem é quase isso.
    Passei por todas essas coisas, três vezes em minha vida e te digo que passaria novamente. Não quero ser melhor que ninguém, mas só quando estamos com o nosso filho nos braços é que sabemos o quanto fortes somos para não medir esforços por aquele ser que acabou de vir ao mundo!
    Acho muito importante esses esclarecimentos, porque muitas pessoas acham que tudo será um mar de rosas, que quando a "barriga sair" tudo será como antes e a família terá um bebê em casa. Infelizmente não é bem assim... mas como você mesmo disse, existe uma diferença enorme em ter filhos e ser mãe.
    Parabéns para você e a todas as mulheres que conseguem ser mães!!!!
    Beijão para todas. Ivanire

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  8. Esse comentário se refere a rreportagem da revista época, mas tem haver com o assunto:
    Meninas, aqui vai a opnião de uma recém-mãe! Primeiro lugar, não gostei do texto! Achei ele tendencioso! Ser mãe, assim como qualquer outra escolha na vida tem seus aspectos positivos e negativos, mas é claro que a sociedade tenta supervalorizar os aspectos positivos da maternidade e minimizar os negativos. Mas assim também é com o casamento, tantos falam tão bem e outros tão mal e na verdade nenhum é perfeito, tem seus pontos positivos e negativos. Não nego que vivenciei tudo que foi dito no texto, as dores, as angústias, o isolamento social (exceto no fator casamento que para mim só melhorou) mas a experiência, a emoção de ouvir o primeiro choro de Alice não se compara a nada que já vivi! A reportagem foi tendenciosa pois não abordou a opnião de um outro grupo, as mulheres com mais de 30 anos que não são mães. Como estão seus casamentos? São felizes? Bem resolvidas? Desejam ser mães? Tentaram? Eu tenho atualmente 8 amigas bem-sucedidas profissionalmente e com mais de trinta anos que são frustradas por não conseguirem engravidar. Uma delas enfrenta problemas no casamento por isso, a outra já gastou o valor de um carro zero em inseminações artificiais sem sucesso. Pergunte a um funcionário Público se ele está satisfeito com o seu trabalho, ele te listará uma série de pontos negativos, mas pergunte se ele trocaria pela vida de antes. O texto disse que gastamos em média 450 mil reais para criar um filho até os 21 anos, ofereça 1 milhão a qualquer mãe pelo seu filho de 1 mês para ver se ela aceita. Os problemas existem mas vão melhorando com o tempo, hoje não perco mais noites, hoje já tenho sorrisos ao amanhecer. Ser mãe me fez sentir completa e acho que nehuma mulher se sente completa sem ser mãe. Não conheci meus pais biológicos então e sentia falta de ver partes de mim em alguém, hoje me reconheço em cada pedacinho deste ser. Alice trouxe Luz a minha vida e a vida de minha família, não há trsiteza onde ela está presente. (Diga aí Nadja Sampaio se não é verdade?) é uma experiência muito forte, por isso Deus nos dota de amor incondicional, para suportar as dificuldades, que se tornam pequenas diante do bem tão maior.

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    1. "Ser mãe me fez sentir completa e acho que nehuma mulher se sente completa sem ser mãe".

      Tenho 32 anos, casada, sem filhos e feliz! Ninguém precisa ter filhos para ser completa: isso é preconceito! Ao contrário dos animais, os seres humanos não são escravos dos seus instintos biológicos de reprodução. Podemos fazer sexo somente por prazer. Assim como, ninguém precisa se casar para ser feliz, nenhuma mulher tem que ter filhos para ser completa. Ninguém nasce incompleto! Felicidade não depende de outra pessoa (marido, filho, pai, mãe...). Ser feliz é bem mais simples!

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  9. Me sinto tão bem ao ler tudo isso! São tão julgada ao falar que minha filha é a melhor coisa que me aconteceu, mas a pior também! É a razão do meu viver, não sei o que seria de mim sem ela! Estou grávida de novo, enjoo constante a 2 semanas e falo que engravidar é uma ignorância.... Sou julgada 24hs por não me sentir feliz com uma gravidez tão desejada!!!! Desejei a nostalgia, os enjoos não!!! Aguardo ansiosa por esse furacão passar e começar a curtir!!!!

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  10. Uma pergunta: algum dia vocês cobrarão seus filhos pelas noites mal dormidas? Se algum dia esse bebe depois de grande esquecer de dar o presente do dia das mães no dia, por algum outro compromisso vocês ficarão chateadas e pensarão em cobrar isso deles?

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